domingo, 28 de março de 2010

Uma semana para ouvir Haydn


Nos longiquos idos dos anos 80, em Viena vi um grupo de pessoas a engraxar os sapatos dos passantes. A principio fiquei intrigada, poderia ser alguma ação promocional, marketing .. mas era apenas um gesto de humildade, uma celebração de Páscoa.  Eu nunca tinha visto gente como eu, que pareciam ser como eu, se vestir como eu, estudar, trabalhar, enfim: viver uma vida mundana e burguesa, como eu, fazendo uma coisa sem propósito imediato evidente .. um choque.  Foi um destes momentos inusitados que silenciosamente alteram nossa forma de ver o mundo. 
Neste ano de 2010, lá estava eu a procura do desconhecido na biblioteca de música aqui em Paris e o acaso me fez cair nas mãos um cd de Joseph Haydn; "The seven last words of our savior on the cross". 

Mais interessante sobre esta obra é que ela foi concebida como música instrumental. Haydn pensou cada sonata para funcionar como ambiente para o texto, de forma a criar a "mais profunda impressão até no ouvinte mais inexperiente". (carta ao editor William Forster em  8 de abril de 1787) 
Minha caridade é modesta. Apenas uma intenção que se alegra ao achar um cd de Hadyn. 

domingo, 14 de março de 2010

Fabrice Hadjadj, provocador de ideias

Um olhar inusitado sobre as verdades que nos povoam, principalmente as meias verdades! Assim eu descreveria minhas impressões da leitura de "La foi des démons. ou l'athéisme dépassé" de Fabrice Hadjadj. Uma subversão já se propõe pelo título, como assim; Fé de demonios? Sejamos nós crentes ou não, quem colocaria na mesma sentença estas duas palavras, em principio antagônicas? Ter fé, em si, já não é um atributo das pessoas do bem? Mas a vida é mais complexa e precisa ir além de uma linha. Seu entendimento dá voltas, percorre os nós de nossa mente.. o espírito crítico, como já exaltava Edith Stein, é um caminho mais firme à verdade.